Quando os grandes monopólios da mídia corporativa se reúnem, nós da esquerda sabemos que temos um grande desafio pela frente. Esse é o significado do 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, realizado pelo Instituto Millenium em São Paulo, na segunda-feira, 1º. de março. Marcaram presença nesse encontro a Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão (Abert) e a Associação Nacional dos Jornais (ANJ), entidades que envolvem a Globo, o SBT, a Record, a Folha de S. Paulo, o Estado de S. Paulo, a RBS, Instituto Liberal, Movimento Endireita Brasil (MEB), e outras empresas que decidiram boicotar a I Conferência Nacional de Comunicação, numa demonstração de forte apreço pela democracia.
Não é todo dia que presenciamos um encontro de tão ilustres competidores da "mídiocracia" brasileira. Com o enfraquecimento institucional e de representação da direita, personificado principalmente pelo PSDB e pelo DEM, a ação até contra um governo centrista-democrático como o do PT se radicaliza. O “jogo institucional” da democracia – que a esquerda “caiu” com o governo Lula – é um entrave para a direita hoje. Como bem dizia Cláudio Abramo, diferentemente da esquerda e seus fraccionismos estéreis, a direita “na hora H se une”. Vivemos esse momento hoje no Brasil.
Como disse Washington Araújo, o grande intuito desse encontro da mídia corporativa que representa a direita brasileira hoje é, entre outros, impor que: 1) Liberdade de expressão é interditar todo e qualquer debate democrático sobre os meios de comunicação; 2) Liberdade de expressão só pode ser invocada pelos que controlam o monopólio das comunicações no país. 3) Liberdade de expressão é bem supremo estando abaixo apenas do Deus-Mercado; 4) Liberdade de expressão é denunciar qualquer debate sobre mecanismos para termos uma imprensa minimamente responsável. 5) Liberdade de expressão é gerar factóides, divulgar informações sabidamente falsas apenas para aproveitar o calor da luta. 6) Liberdade de expressão é deitar falação contra avanços sociais, contra mobilidade social, contra cotas para negros e índios em universidades públicas. 7) Liberdade de expressão é cartelizar a informação e divulgá-la como capítulos de uma mesma novela em variados veículos de comunicação. 8) Liberdade de expressão é explorar a boa fé do povo com programas de televisão que manipulam suas emoções e suas carências oferecendo uma casa aqui outro carro ali e assim por diante – como o governo Lula, diga-se de passagem. 9) Liberdade de expressão é somente aprovar comentários aptos à publicação em sítio/blog da internet se estes referendarem o pensamento do autor e proprietário do sítio/blog. 10) Liberdade de expressão é apresentar imparcialidade jornalística do meio de comunicação mesmo quando os principais jornalistas fazem de sua coluna tribuna eminentemente partidária. 11) Liberdade de expressão é submeter decisões editoriais a decisões comerciais de empresas e emissoras de comunicação. 12) Liberdade de expressão é minimizar o descaso do poder público ante as enchentes de São Paulo – e o resto do Brasil - e reduzir candidato à presidência a mero poste. 13) Liberdade de expressão é ter dois pesos em política externa: Cuba é o inferno e China é o paraíso. 14) Liberdade de expressão é demonizar movimentos sociais e defender a todo custo latifúndios vastos e improdutivos. 15) Liberdade de expressão é lutar para manter o status quo: o direito de informar é meu e ninguém tasca.
Bem, como disse muito sinceramente o picareta Arnaldo Jabor no Fórum, “a questão é como impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo”? Não me parece que o meio para isso acontecer seja minimamente pela “democracia representativa” que a esquerda tanto idolatra.
Portanto, atentemo-nos! Os inimigos estão de organizando rapidamente e sabemos que sua força não é pequena.
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