domingo, 14 de março de 2010

2010? Um ano de reviravoltas sociopolíticas?

Gramsci dizia que uma crise se verifica quando a classe dirigente faliu em empreender seu projeto político ou quando as massas superaram sua passividade política e que, mesmo desorganizadas, iniciam um momento de reivindicações espontâneas. Mais do que excludentes, penso que ambas causas mesclam-se e combinam-se na nossa realidade contemporânea. É inegável a falência do projeto econômico neoliberal com a crise financeira internacional acompanhada com a ajuda do Estado da bancarrota capitalista por mais que seu suplemente político de terceira via democrática-liberal ainda esteja em pé – principalmente pela aceitação da esquerda da democracia como horizonte político último.



Neste ano, ainda cheio de surpresas, devemos nos deparar com o escancaramento da crise fiscal do Estado - com o acirramento da repressão estatal (com diferentes mecanismos) contra a espontaneidade das sublevações sociais -, a privatização de outras catástrofes (naturais ou não) e, não menos importante, uma rearticulação da direita rumo à reconstrução de seu poder político diante da falência de seu compromisso de classe. No Brasil o custo da atual crise, tendendo a piorar, necessita de novos mecanismos de controle social da qual as respostas estão presentes todos os dias seja na expansão das milícias público-privadas, assistencialismo social, intervenção econômicas e militar em áreas baseadas no vacilante protetorado estadunidense, etc. Outra etapa ainda mais destrutiva do capitalismo está se iniciando como uma “revolução branda” da qual poucos querem ver diante da falta de perspectivas.



Assim, impõem as forças da esquerda um alargamento do compromisso com as bases sociais e políticas que possibilite não apenas o apoio material, mas também uma solidariedade efetiva que comprometa outros setores dos assalariados apresentando um projeto alternativo de transição que reoriente a estrutura produtiva e a relação das forças políticas que pendem ainda a uma centralização estéril do ponto de vista do trabalho. Os últimos acontecimentos na Grécia já são alarmes profundos do que espera a Europa neste ano. Atentemo-nos para o desenrolar desse processo. Na Tailândia 100 mil maifestantes tomam as ruas. Como dizia Lênin, de nada adianta nos organizarmos depois de um acontecimento. Devemos estar organizados antes dele na sua espreita.

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