sexta-feira, 19 de março de 2010

A Catástrofe Naturalizada das Demissões no Chile

Como havia escrito no texto A Catástrofe no Chile e o Capitalismo de desastre, a forma de reprodução do capitalismo contemporâneo se dá por ataques orquestrados à esfera pública no auge de acontecimentos catastróficos – naturais ou não - sendo eventos “estimulantes” para novas oportunidades de mercado, de exército ou de neutralizar a ordem pública em desordem. Somente numa crise catastrófica torna o que seria politicamente inaceitável em politicamente inevitável. Talvez o melhor exemplo dessa lógica no Chile seja o aumento extrondoso das demissôes após o terremoto. Como noticiou recentemente a Telesur, ao menos 6.111 pessoas ficaram desempregadas na primeira quinzena de março depois do potente terremoto do passado 27 de fevereiro, os cidadãos mais afetados por este caso fortuito foram os de Biobío (centro-sul) Chile, uma das regiões mais afetadas pelo desastre natural; cifra representa 3000% de demissões. Engraçada foi a declaração da ministra do Trabalho, Camila Merino, que disse que "é mau que as pessoas se aproveitem para despedir trabalhadores, usando esta causa sem pagar indenizações". A ministra não entendeu nada ainda: é exatamente porque essa causa é deslocada do capitalismo que as empresas podem se utilizar desse mecanismo de demissão. Se os trabalhadores ganhassem mais com as catástrofes elas não teriam sua funcionalidade para o capitalismo-destrutivo contemporâneo. Para os capitalistas essas catástrofes - naturais ou não - são uma benção.

Nenhum comentário: