quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Notas lacanianas sobre Física não-experimental

Nota introdutória – Como já assinalava Lacan, a ciência é um discurso entre muitos. Não é aquele portador de uma verdade inexorável, mesmo que confie em denominações sobre “verdadeiro” e “falso” que só fazem Sentido dentro de um campo simbólico onde a ciência se legitima. A Verdade não está dentro do campo científico: como escreve Bruce Fink, o “verdadeiro” e o “falso” no campo da ciência são como 0 e 1: são opostos binários que representam um papel num contexto específico. Nesse ponto que a ciência ainda não está à altura da psicanálise já que seu objeto ainda não consegue ser abrangido. Não é a toa que Lacan identifica o discurso da ciência com o discurso da histérica, radicalmente diverso do discurso psicanalítico.

Nota 1 - O Mal é o forçamento de sínteses inomináveis. Não seria esse o caso da física no século XXI na sua busca por uma síntese entre a Teoria microcósmica dos quanta e a Teoria da Relatividade Geral de Einstein? Mesmo que não combinem, busca-se esse casamento que iria responder as questões sobre a constituição da matéria e o desenvolvimento do Universo. Não é necessário trazer a paralaxe para o terreno da física? Busca-se uma versão da física que poderia substituir tanto a teoria dos quanta quando a da relatividade solucionando suas contradições internas e as abrangendo como teorias de casos-limite. A pergunta lacaniana que deve ser feita é: existe metalinguagem entre a teoria dos quanta e a da relatividade? O limite da teoria dos quanta não é exatamente sua tentativa de descrição da realidade como um Todo? O limite da teoria da relatividade não é sua quantização? A resposta para a descrição dos quanta não poderia ser que no Universo existem cisões que o dobram construindo diversos universos ordinários e não apenas um Todo fechado? Entretanto, essa proposição não vai diametralmente contra a física como busca de indícios de finitude? Contra exatamente isso é que não foram desenvolvidas desde os anos de 1970 as super teorias (supercordas, supersimetria, supergravitação, etc.)? Se um dos aspectos mais interessantes da teoria das supercordas é a de que o gráviton nasce se forma natural, não é possível ir mais longe e perguntar o que possibilita com que essa partícula exista, ou, que vazio pressupõem seu nascimento?

Nota 2 - O tempo é invisível: objeto pequeno a. Um dos grandes desafios da teoria das cordas para demonstrar sua consistência é provar que existem dez dimensões no espaço-tempo. Entretanto, não poderíamos usar a lógica lacaniana do 3+1 para entendermos a existência das três dimensões espaciais e uma temporal. A dimensão temporal não é o objeto a? Será que nesse sentido não é resolvido o problema? E se as três dimensões espaciais se constituem sob três dimensões articuladas sobre a lacuna do tempo – a história? Não teríamos aqui as dez dimensões que validariam a teoria das cordas? Essa não seria a forma de validar a curvatura dessas dimensões? Assim como a tríade lacaniana entre o Imaginário, Simbólico e Real se desconstroem em Imaginário imaginário, Imaginário simbólico e Imaginário Real etc, nesse mesmo sentido não existe uma tríade interna a cada dimensão espacial?

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Elogio

Oh humanidade
és natural pelo trabalho
e não pela falsas conveicções
de harmonia e perfeição.

Deixa de lado a espiritualidade
e diz o que seu coração
pode dizer.
Não cantando
mas fazendo, revelando os atos
do coração.

Pobre discurso esse
que busca a felicidade
sem ampliar as margens da ação.
Ao homem senil
fica a vida.
Ao homem do trabalho inumano
fica a História.