segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Nota sobre a pós-política petista - parte 5

Para Alain Badiou, a palavra “democracia” é hoje em dia a organizadora principal do consenso. É uma “opinião autoritária” sendo assim proibido não ser democrata. Como diz o filósofo, “É evidente que a humanidade aspira à democracia, e toda a subjetividade suposta não ser democrata é tida por patológica”. A democracia é hoje considerada espontaneamente como natural. Existe uma idéia reguladora que postula a democracia como horizonte último de qualquer transformação possível na realidade social. Nestas penosas condições é que se encontra a esquerda, postulando um novo neoliberalismo baseado num capitalismo sem excessos, mais ecológico, tolerante e democrático - cujo melhor exemplo é o governo Lula no Brasil. As massas continuam fora da política porque um líder operário está gerindo o Estado. O governo Lula transformou a esquerda mundial. É a maior e mais complexa estabilização do capitalismo histórico numa periferia. Um líder operário na presidência: tem algum feito maior que esse na democracia-liberal? Provavelmente não. Como bem disse Lula “como o Brasil era uma economia capitalista se não tinha crédito? Precisou entrar um metalúrgico socialista para transformar esse país num país capitalista”. Enquanto isso nestas eleições fica claro como isso ocorreu: num esvaziamento simbólico do PT sem precedentes. A legenda está literalmente podre. Os filiados são mais numerosos do que nunca, somando 1,4 milhão de pessoas. Neste “Grande Partido” até Osmar Dias é quadro integrante, é base aliada. O resultado é claro: a política pragmática do PT perdeu parte do eleitorado que tradicionalmente votada na legenda que ainda se encontra desnorteado.

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