quarta-feira, 21 de julho de 2010

Nota sobre a pós-política petista – parte 4

Para Slavoj Zizek, temos o desafio de reinventar o “terror emancipatório”. Defender esse objetivo não é defender o terror Stalinista e tudo mais. Ao contrário, é não se render a saída muito fácil da alternativa da democracia-liberal que se espalha pela esquerda. Para um liberal o campo político é definido pela oposição entre democracia e totalitarismo (fascismo, terror revolucionário, fundamentalismo religioso, etc). Urgentemente é necessário abrir essa questão confinada a idéia que “não há alternativa” para o livre mercado e a concepção liberal do governo parlamentar. A Esquerda está confinada a esse limite num processo de “internalização do fim da história” – PT, por exemplo – onde o capitalismo e a representação parlamentar é o único jogo que temos. Vale o cutuque de Zizek: “com essa esquerda quem precisa de direita?”. No Brasil a história vale para revelar os estragos feitos pelo lulismo na ação e no pensamento da esquerda, quase extinto com o revisionismo petista que dança conforme a música, seja com Henrique Meirelles, Osmar Dias, bancada do DEM, etc. Naturalmente isso não é um desvio. Cada vez mais em cada petista tem uma Kátia Abreu recalcada. Como dizia Marx, a vergonha já é uma revolução. Nada mais necessário hoje do que sentir vergonha do que o PT se tornou para reavaliar as alternativas que estão sendo construídas e não seguir eternamente o caminho mais fácil, mas cheio de oportunismo em nome da “governabilidade”. Realmente o Brasil é exemplo para o mundo. É o primeiro lugar onde o conflito de classes foi institucionalizado e extremamente atenuado já que, com o PT no poder sob a figura de um ex-sindicalista politicamente brilhante, quem mais precisa lutar? O “fim da história” se estabilizou com Lula que, como ninguém em toda a história, geriu uma pós-política em conjunto com as classes industriais, financeiras e latifundiárias. Do ponto de vista do capital, Lula é “o cara”. Agora vem a coroa (DILMA) demonstrando, cada vez mais, que a “linha de menor resistência” faz parte do problema da esquerda, e não da solução. Viva a ambigüidade centrista de DILMA. Não é isso que o lulismo quer? Não é por isso que a esquerda se humilha ao deixar de lado o pensamento? É DILMA porque não há alternativa – situação criada pelo próprio PT.

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