sexta-feira, 2 de julho de 2010

O que há de semelhante entre a Segunda Internacional e o PT?

O oportunismo de todas as tendências dominantes na Segunda Internacional se manifestava de maneira mais clara no “esquecimento” sério do problema do Estado: neste ponto fundamental não há nenhuma diferença entre Bernstein e Kautsly. Neste mesmo sentido existe uma oposição falsa entre PT e PSDB no capitalismo democrático brasileiro contemporâneo. Todos sem exceção se limitaram a aceitar o Estado da sociedade burguesa. Enfrenta(va)m o Estado tomando uma posição particularista e de interesses imediatos.

Isso porque o PT no poder suspendeu qualquer mediação política horizontal, tornando-se onipotente e despolitizando as lutas sociais no campo e na cidade. O inimigo ficou mais difuso e diversos dirigentes partidários, sindicais e dos movimentos sociais (e até ONG`s) entraram no jogo da luta pela expansão ilimitada da democracia liberal. Deixou-se de lado o objetivo da luta (transformação radical socialista) e os meios (crescente reciprocidade das instituições socialistas existentes contra o inimigo de classe e suas personificações estatais do poder histórico reacionárias do Brasil).

Estamos com uma grande dificuldade para articular a estratégia da esquerda no século XXI com as mediações institucionais que consigam lidar com uma ofensiva socialista. No Brasil o lulismo desarticulou ambas demandas urgentes ao elevar a Terceira Via (capitalismo com menos fome, mais tolerância, auto-estima, etc.) a política ideológica nacional que reconcilia as classes sob a personificação do Líder Lula, pai dos pobres e mãe dos ricos nacionais e internacionais.

Entrementes torna-se imperativo rearticular a organização da esquerda sob novas bases – não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Como dizia Lukács (já em 1927), “a tradicional divisão operativa do movimento dos trabalhadores (partido, sindicato, cooperativa) se revela hoje como insuficiente para a luta revolucionária. Resulta a palpável necessidade de criar órgãos capazes de reunir ao proletariado inteiro e mais todos explorados da sociedade capitalista (campesinato, soldados) em massas consideráveis [...] São órgãos do proletariado que se organiza em classe”. Este desafio está na ordem do dia e necessita ser reinventado hoje. Fazemos parte do Velho Fukuyamismo que cresce a 7% por ano ou do Novo que está aí para radicalizar, revolucionar, transformar?

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