Balibar está certo: a esquerda está em um estado de bancarrota política. Ela vem perdendo toda capacidade de representação das lutas sociais ou de organização dos movimentos de emancipação. Em geral está alienada com os dogmas do neoliberalismo ou se encontra no mesmo horizonte da Segunda Internacional que naturalizava e eternizava o Estado. Em conseqüência vem se desintegrando ideologicamente. Aqueles que a encaram nominalmente são apenas espectadores e, pela falta de audiência popular, exercem meramente um papel de comentaristas impotentes diante de uma crise da qual não propõem nenhuma resposta coletiva (claro, quando não são frenéticos apoiadores da atual situação como no caso petista). Nada para relançar o debate sobre a possibilidade de uma alternativa viável e radical. A pergunta que fica é: como re-imaginar a crise primeiramente para poder intervir politicamente sobre ela? Hoje o conjunto da economia é política e, ao mesmo tempo, o conjunto da política é econômica. Assim as “saídas” encontram muito mais dificuldades e obstáculos para se realizar. Superar o horizonte democrático não é fácil, mas sem essa empreitada não existe socialismo viável. Com essa adoção inconsciente dos parâmetros do sistema, a massa está implicada no funcionamento do capitalismo financeiro desde o ponto de vista de suas atividades, de seus interesses materiais e sua sobrevivência. Até o mais pobre depende imediatamente da generalização das facilidades de crédito e sua capitalização pelos bancos. Por isso que o combate entre dois grupos preexistentes (grandes e pequenos, exploradores e explorados, detentores e vítimas do poder) não se manifesta claramente nas lutas deste início de século.
Que desafio!
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