domingo, 19 de outubro de 2008

A expansão do capital é correspondente a expansão da idiotia liberal?

"Não é o predomínio de motivos econômicos na explicação da história que distingue de maneira decisiva o marxismo da ciência burguesa, mas o ponto de vista da totalidade. A categoria da totalidade, o domínio universal e determinante do todo sobre as partes constituem a essência do método que Marx recebeu de Hegel e transformou de maneira original no fundamento de uma ciência inteiramente nova. A sepração capitalista entre produtor e processo global de produção, a fragmentação do processo de trabalho em partes que deixam de lado o caráter humano do trabalhador, a atomização da sociedade em indivíduos que produzem irrefletidamente, sem planejamento nem coerência, tudo isso devia ter também uma influência profunda sobre o pensamento, a ciência e a filosofia do capitalismo" (Georg Lukács, História e consciência de classe: estudos sobre a dialética marxista, Martins Fontes, São Paulo, 2003, p.105).
Existe algo mais verdadeiro do que isso quando os ideólogos do capital debatem o mundo contemporâneo? Pode ser o desastre ecológico ou a dita "crise do sistema financeiro". Não importa: os OPORTUNISTAS de plantão, seja na Veja, na Globo ou na Academia, não se cansam de apontar sua própria racionalidade obtusa pela incapacidade de apontar a causalidade dos fatos. Isso não é mera coincidência: é uma necessidade (!!!) já que essa causalidade simplesmente faria desmoronar qualquer argumentação liberal sobre o caráter natural ou eterno que existe no modo de produção, de consumo e de circulação capitalista. Em uma discussão recente escutei (e saibam que não era de alguém que o senso comum pequeno-burguês chamaria de idiota ou despolitizado) até que existe um gene capitalista em todo ser humano historicamente e que essa condição é inexorável.
Paradoxalemente na aclamada sociedade da informação o que existe é uma incapacidade geral de legitimar o status quo recorrendo amplamente para teorias primárias (assim como seus autores e propagadores que enfestam as universidades) concebendo o fim da história, o choque de civilizações, a pacificação dos conflitos sociais, a democracia como salvadora da humanidade... Parece até brincadeira... Brincadeira que nos remete as mudanças estranhas (diria patológicas) no pensamento liberal dominante devida as necessidades estruturais de legitimação das atuais condições históricas que o capitalismo vive: a nova moda agora é considerar o Estado como salvação dos problemas. Provavelmente até o Sr. Milton Friedman, com seu oportunismo exacerbado, iria se identificar com a necessidade da volta do Estado como um ente regulação das relações sociais capitalistas.
Marx chamava o capital de "a contradição viva": obviamente não poderíamos esperar mais de suas personificações. Entrementes, a pergunta que fica é: até quando vamos ratificar essa condição?

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