Peço desculpas por essa postagem, mas acho que sempre existe espaço para reflexões diárias sobre o amor...
Quando amamos? Quando existe uma pessoa que proteja as fantasias que estruturam a nossa realidade. É o amor que se ama e não determinado objeto...
Quem amamos? Amamos aquele supostamente conhece nossa verdade e nos ajuda a suportá-la...
O que é amar? É crer que amando é possível chegar a uma verdade sobre si mesmo sob uma constante ajuda para responder a pergunta crucial: "quem sou eu?". Nesse sentido, saber amar faz parte de uma confissão primordial: a falta do outro. Para Lacan, amar é dar o que não se tem. É uma promessa de reciprocidade transferêncial...
Para os homens é mais difícil amar? Sim! A moral hegêmonica masculina é aquela que não possibilita uma posição de incompletude, de dependência. Talvez seja por isso que o homem pode desejar as mulheres que não ama: uma busca por sua virilidade suspensa (não estou dizendo que as mulheres também não façam isso muito menos legitimando a posição masculina!)...
E nas mulheres? As mulheres estão tomando a posição dos homens no sentido de buscar um amor onde não exista uma co-dependência. Em outras palavras, uma degradação dos sentidos amorosos, uma fragilização dos laços humanos...
Existe solução para o amor? Absolutamente não. Estamos condenados a aprender a lingua do outro que acessa nosso desejo sabendo que qualquer tipo de responta definita é uma falsidade ontológica...
Existe alguma relação do amor com a morte? A chegada de ambos é única, defintiva, não suporta repetição, não tem recurso e nem promete prorrogação. Como diz Zigmunt Bauman, "o amor e a morte não têm história própria. São eventos que ocorrem no tempo humano - eventos distintos, não conectados (muito menos de modo causal) com eventos "similares", a não ser na visão de instituições àvidas por identificar retrospectivamente essas conexões e compreender o incompreensível. Assim, não se pode aprender a amar, tal como não se pode aprender a morrer"...
Lembro-me de uma passagem do livro "Fragmentos de um discurso amoroso" do elegante Roland Barthes que ele nos fala, baseado incoscientemente em Nietzche, sobre as duas afirmações do amor: inicialmente, quando o amante encontra o outro, há afirmação imediata (psicologicamente: deslumbramento, entusiasmo, exaltação, louca projeção de um futuro pleno: sou devorado pelo desejo, pelo impulso de ser feliz): digo sim a tudo (cegando-me). Em seguida vem um longo túnel: meu primeiro sim é corroído por dúvidas, o valor amoroso é incessantemente ameaçado de deprecição: é o momento da paixçao triste, do surgimento do ressentimento e da oblação. Desse túnel, entretanto, posso sair: posso "superar", sem liquidar; o que afirmei uma primeira vez, posso novamento afirmar, sem repetir, pois, agora, o que afirmo é a afirmação, não sua contingência: afirmo o primeiro encontro na sua diferença, quero seu retorno, não sua repetição. Digo ao outro (antigo ou novo): recomeçemos...
2 comentários:
caiu como uma luvaa!
é!
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