quarta-feira, 30 de junho de 2010

E dá-lhe crise!

Passamos da etapa de anunciação de planos de reativação econômica para planos de austeridade fiscal do Estado que, endividado pela ajuda nacionalização da bancarrota capitalista, encontra crescentes dificuldades de superar a atual crise.



Nos EUA, junto com o imperialismo no Oriente Médio, Obama encontra outros desafios. Com uma enorme desilusão sobre sua capacidade de administração com o objetivo de reverter às tendências negativas em ação no país (desindustrialização, estagnação salarial, queda da classe média, desemprego, super-endividamento das famílias, das localidades e dos estados, ampliação dos déficits federais, guerras contra o “terror”, desastre ecológico incontrolável, apoiando golpes de Estado e ataques militaristas de Israel, etc.), Obama é cada vez, somente, o primeiro presidente negro dos EUA. Desde 2008 o ambiente de uma grande parte dos norte-americanos e imigrantes não cessou de se degradar, por mais que ideologia do “pior já passou” tenha uma escala global. O desemprego real situa-se no mínimo entre 15% e 20% e atinge 30% a 40% nas cidades e regiões mais afetadas pela crise. Nunca tantos americanos foram dependentes dos selos de alimentação do governo federal que doravante contribui num nível jamais atingido para os rendimentos das famílias estadunidenses. Paralelamente, os estados são obrigados a multiplicar os cortes orçamentais e a suprimir serviços sociais de todo gênero, agravando ao mesmo tempo o desemprego. E estes fenômenos desenrolam-se no momento em que o impacto do plano de estímulo econômico da administração Obama é suposto estar no seu máximo!



Recentemente a pequena cidade de Maywood, no sul da Califórnia, concebeu uma saída para resolver sua crise orçamentária. A cidade está dissolvendo sua força policial e dispensando todos os funcionários do setor público. Isso mesmo. Maywood optou pela solução mais radical: terceirizar a contratação de todos os serviços públicos, inclusive os mais básicos.



Essa experiência não é um desvio. Ela é o horizonte para diversas cidades dos EUA. As projeções para o déficit combinado dos Estados apontam para US$ 112 bilhões em junho de 2011. O déficit maior é o do Estado de Califórnia com um rombo de cerca de US$ 19 bilhões. Uma das medidas para elevar as receitas é a legalização da maconha que será submetida aos cidadãos nas eleições em novembro além da adoção de placas para automóveis em tecnologia digital capaz de exibir propaganda nos veículos em movimento. A taxa de desemprego “oficial” no Estado estava em 12,4% em maio. A solução é a mesma em todo o mundo: austeridade. Os Estados terão que aumentar as taxas e diminuir os gastos, do mesmo modo que Grécia e Espanha. Na Grécia os pacotes de austeridade pretendem reduzir o déficit fiscal em 13,6% do PIB por meio de cortes de investimentos, redução dos benefícios aos aposentados e mudanças nas regras trabalhistas que permitiram que as empresas demitam com mais facilidade.



Esse panorama, é claro, tem profundas ligações com a China. No ano de 2001 não temos apenas os ataques de 11 de setembro e a declaração de “guerra ao terror sem fim” por George W. Bush. 2001 também o ano de entrada da China na OMC (Organização Mundial do Comércio), que representa o ponto mais avançado das medidas para fazer do planeta um espaço único de valorização de capital. A extensão da globalização a Ásia criam efeitos paradoxais: com a integração da China – e em menor grau da Índia – à economia mundial, a situação dos trabalhadores tende a piorar. Por quê? A inserção da China – e seus baixos salários - causa a competição direta entre os trabalhadores atuando como um excesso estrutural de mão-de-obra incidindo sobre os trabalhadores os ajustes necessários as novas condições de competição internacional.



A importância do comércio exterior para o crescimento chinês coloca como desafio a expansão de mercados que, com a crise, tendem a diminuir sua demanda. Os EUA são hoje o maior mercado da China. Ou a China compensará a desaceleração da demanda estadunidense voltando-se para outros mercados ou pode chegar um momento, como na Coréia em 1997, onde os efeitos da superacumulação são imediatamente transformados em crise aberta.



Sabemos a estabilidade macroeconômica mundial encontra-se hoje na China. Como notou Aglietta, o governo chinês decidiu até esfriar o motor do investimento em setores como o imobiliário, siderúrgico e automobilístico. Apesar destas medidas existe uma grande dificuldade em diminuir esses investimentos, principalmente imobiliário, na construção de infra-estruturas rodoviárias e na construção de outras fábricas. Essa situação se deve, em parte, as províncias e aos industriais locais que buscam afirmar sua autonomia diante do poder central. Por isso que os rumores sobre a desaceleração da economia chinesa junto com a piora da “confiança” do consumidor nos EUA estão causando espasmos nas bolsas de todo o mundo. O temor de um súbito resfriamento da economia chinesa e seus desdobramentos sobre a importação de commodities está derrubando as cotações de produtos como petróleo e metais, com reflexo direto nas ações de companhias domésticas ligadas a esses setores. E daí que neste 2010 estamos vendo um crescente número de problemas que não tem solução senão, novamente, a economia da guerra, o estado de emergência fiscal, a ofensiva do capital financeiro contra os trabalhadores e, não menos importante, o renascimento da luta de classes sob novas bases sociais, organizacionais e políticas.



Hoje centrais sisndicais na Grécia prometeram a quinta greve geral de 24 horas somente neste ano. Deve-se parar o transporte marítimo e urbano e outros serviços públicos. Greve é um direito de toda classe trabalhadora. Como disse uma faixa dos manifestantes: "NÓS RESISTIMOS!".

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