Um ótimo método que qualquer pessoa progressista de esquerda no país pode utilizar como termômetro da diferença ideológica entre Dilma e Serra que está emergindo de forma descabida nestas eleições se encontra em suas posições acerca do MST. No 1º de maio Dilma e Serra foram ao mesmo lugar: uma feira agrícola em São Paulo chamada AgriShow – a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina. Quem freqüenta esse lugar – tirando os terceirizados que trabalham nela – são os sujeitos que ambos consideram importantes do mundo da usurpação de trabalho: latifundiários, grileiros e gente com altíssimo poder aquisitivo. Dilma disse que “eu sou contra a tomada de locais públicos, sou contra aja invasão de terras, eu não acho razoável isso. Agora não acho também que seja correto uma atitude violenta contra os movimentos. Acho que sempre que você buscar o dialogo é melhor. Agora não pretendo, de maneira alguma, compactuar com qualquer atividade ilegal”. Depois de falar que não vai usar o boné do MST e enfatizar que “estado é estado, movimento é movimento”, Dilma demonstra que a de democracia social não conhece nada. É uma gerente das boas que não está para implementar mudanças de baixo para cima. Ao contrário, seu objetivo é o “dialogo” para desradicalizar qualquer ímpeto de transformação social radical: são novos tempos, tempos de crescimento econômico e bico calado de qualquer ação política concreta que vise desestabilizar o marasmo da oposição entre PT e PSDB, os dois lados da mesma moeda do capitalismo democrático brasileiro contemporâneo.
Continuando sua saga para satisfazer os conservadores de plantão a candidata a presidente pelo PT, Dilma Rousseff, disse que não vai tolerar ações “ilegais” do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ou de outros movimentos sociais: "ninguém que governe um País, um Estado ou um município pode ser complacente com a ilegalidade. Invasão de terras, de centro de pesquisa, de prédios públicos é ilegalidade. E ilegalidade não é permitida". Essa fala corrobora com a extrema-direita e sua bancada ruralista que declaram que “o que o MST faz é crime”. O resultado dessa ideologia é a pressão (principalmente pelos ruralistas) por uma ação estatal e institucionalizada que venha a enfraquecer a luta no campo e na cidade. Esse é o significado real da “criminalização dos movimentos sociais”. Recentemente a besta reacionária Kátia Abreu incentivou o uso de tropas federais contra os sem-terra. Ela disse: “quando um grupo de cidadãos fica desprotegido, ele se protege sozinho, e então acaba fazendo bobagem. Agora, quando alguém se mete na sua terra, mas o Estado está em ação, não é preciso fazer bobagem”. Quer dizer que o Estado como instrumento violento da burguesia latifundiária é a solução para os “crimes” do MST.
Vivemos tempos complicados para a esquerda e a construção de alternativas ao capitalismo democrático. Sem dúvidas Dilma apenas é a última personificação do momento, mas deixa claro a que veio: continuar o processo institucional de criminalização dos movimentos sociais, crescente inserção do Brasil como base de valorização financeira internacional, aumento da inserção do capital brasileiro na América Latina, ocupação no Haiti, esquecimento da ditadura no Brasil, precarização do trabalho, etc. Neste sentido os desafios do MST são enormes para continuar sendo uma força de resistência social. Entre eles é necessário superar o lulismo e sua última personificação: Dilma.
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