Vamos escutar ainda por um bom tempo que “a crise passou” e que “o pior ficou para trás”. Recentemente um empresário disse que devemos olhar para a crise com o espelho retrovisor. Nada mais engraçado! A questão não é mais: o pior da crise passou ou não? A verdadeira questão é: quando irá ser o colapso do sistema financeiro internacional? Alguns notícias internacionais já começam a cogitar isso já que a bolha estourou em todos os cantos, menos nos títulos “podres”. Além disso, o mercado de derivativos corre com cerca de US$ 650 trilhões, muitos desses facilmente “calotáveis” (para inventar uma palavra). Segundo o relatório mensal do Painel de Supervisão do Congresso, “Quando o Tarp (Programa de Socorro a Ativos Depreciados, na sigla em inglês) foi assinado, no início de outubro, o Tesouro havia decidido utilizar os recursos para seguir uma estratégia diferente: fornecer aos bancos capital para reduzir os valores de muitos de seus ativos de risco e construir reservas para o futuro. Hoje, dez meses depois, uma quantidade substancial de ativos de risco continua nos balanços dos bancos. Não obstante, a estabilidade financeira continuará sob risco, se o problema subjacente dos ativos 'tóxicos' permanecer sem solução”. Bem notado.
Como acentuava Marx, os negócios vão bem antes da catástrofe. A canalha dos economistas (não apenas no Brasil) já está buscando novas formas de legitimação dos “efeitos da crise financeira” aumentando o nível “normal” do desemprego, implementando formas flexíveis de trabalho, desregulamentando os direitos sociais do trabalho e aumentando a demanda por trabalhos terceirizados e informais.
Entretanto, clamamos que desde dia 17 de julho se iniciou a última onda financeira. A Down Jones passa de 9.000 pontos. As Bolsas de todo o mundo disparam mesmo com os índices contraditórios. No trimestre passado, o Citigroup -- um dos mais atingidos pela crise financeira -- teve um lucro de US$ 4,3 bilhões (US$ 0,49 por ação), revertendo o prejuízo de US$ 2,5 bilhões no mesmo período de 2008. O Citi recebeu US$ 45 bilhões em ajudas públicas. O JPMorgan Chase registrou um crescimento de 36% em seu lucro no segundo trimestre, atingindo US$ 2,72 bilhões (US$ 0,28 por ação), contra US$ 2 bilhões (US$ 0,53 por ação) no mesmo trimestre de 2008. O lucro do Goldman Sachs, por sua vez, teve um crescimento de 65% no segundo trimestre deste ano (encerrado no dia 26 de junho), ficando em US$ 3,44 bilhões (US$ 4,93 por ação). No mesmo trimestre de 2008, o banco havia registrado um lucro de US$ 2,05 bilhões. O Bank of America (outra instituição bancária duramente pela crise financeira) registrou um lucro de US$ 3,22 bilhões (US$ 0,33 por ação) no segundo trimestre deste ano --resultado 5,5% menor que o registrado um ano antes (lucro de US$ 3,41 bilhões, ou US$ 0,72 por ação), mas acima das expectativas dos analistas, que previam lucro de US$ 0,28 por ação.
A última antecipação do craque foi em setembro, por mais que datas sejam extremamente variáveis.
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