quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A "nova configuração do capitalismo"

Estou postando a introdução ao meu novo texto chamado "A Crise de Marx - a emergência de uma “nova configuração do capitalismo” com o aprofundamento da crise estrutural do capital". Se alguém tiver interesse nele só escrever um comentário ou mandar um e-mail sabendo que ficaria muito satisfeito que compartilha-lo para podermos discutir sobre esse assunto seminal.



A crítica ao capitalismo global retoma sua atualidade diante do aprofundamento da atual crise. Por serem os dois lados de uma mesma estrutura contraditória, capital e crise se manifestam explosivamente colocando hoje em risco a própria existência humana. Como força totalizadora, o mercado mundial vislumbrado por Marx se efetivou, subordinando aos seus imperativos existenciais de acumulação e expansão do capital as relações sociais e internacionais sob uma negação radical do trabalho social total e da natureza. Dessa forma, os limites externos ao seu desdobramento se encontram com seus limites internos, trazendo a tona sua destrutiva incapacidade de mediação recíproca entre os pólos opostos e contraditórios do capital que subordina estruturalmente o trabalho. Em sua ascendência histórica o capital se reproduzia de forma ampliada numa dialética que “destruía para produzir” suas relações com o trabalho. Com o fim de suas ascendência e a emergência da crise estrutural do capital, essa reciprocidade hierárquica se tornou uma “via de mão única” onde progressivamente o capital necessita extorquir a qualquer custo os ganhos históricos do trabalho numa permanente depressão de suas condições de vida socioeconômica e política. Emerge uma época histórica qualitativamente nova da qual, ao mesmo tempo em que presenciamos posturas cada vez mais agressivas do capital devida suas margens reduzidas de expansão sob uma utilização crescente da violência do Estado, os instrumentos e instituições de luta socialista forjadas historicamente se tornam anacrônicas forçando, dessa maneira, uma pressão objetiva por sua reestruturação radical no sentido de serem capazes de ir ao encontro com o novo desafio histórico que não apenas negue a ordem dominante, mas, ao mesmo tempo, seja capaz de exercer funções vitais positivas de controle na forma de auto-atividade e autogestão. Abre-se com a crise estrutural, portanto, a brecha histórica para a transição ao socialismo que, para Marx, depende, mas não somente, do esgotamento da “forma social” estabelecida. Entretanto, é apenas a autodeterminação radical da ação política efetiva que abre as portas da História transformando os “choques de transição”, típicos de períodos de crise, numa permanente reestruturação das mediações sociais para além do capital.

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