Algumas
perguntas clássicas embalam os debates de milhares militantes petistas desde o
início dos tempos: o PT é um partido socialista ou socialdemocrata? Um partido
revolucionário ou reformista? Um partido à serviço das lutas sociais ou de
carreiras eleitorais?
Nas últimas décadas, o Partido certamente vive um
processo de abandono da luta pelo socialismo, se limitando a lutar contra o
neoliberalismo, por um capitalismo mais democrático, humano e menos cruel. Os
setores mais à esquerda do PT, entretanto, acreditam é que o PT é hoje um
partido social-democrática, mas que eventualmente o PT possa se transformar num
partido socialista. Aqueles que não acreditam nesta possibilidade fazem uma
oposição do lado de fora do PT. Durante estes (des)caminhos da esquerda
brasileira, alguns abandonam a militância, outros se acomodam e outros buscam
alternativas. O cenário ainda é incerto diante da fragmentação das forças de
esquerda nas diversas lutas no movimento popular, nos sindicatos e no
parlamento.
De
qualquer forma, existe um sentimento generalizado que o PT deixou de articular
lutas combativas de massa que pudessem incentivar a luta popular contra as oligarquias
regionais, centros do poder reacionário na mídia e no judiciário, os
latifundiários, milicianos, o capital imobiliário, a burocracia corrupta, os
culpados históricos pelo atraso brasileiro da Ditadura a FHC, etc.
Mas
e o PT na direção do governo federal ajudou a transformar esse processo ou
apenas consolidou essa tendência de imobilismo perante os inimigos do povo?
Como
o maior promotor da “governabilidade” é o governo dirigido pelo PT, o PT no
governo está se tornando um inimigo do PT como organização política. A
superação definitiva do neoliberalismo, infelizmente, parece que só pode
ocorrer se for articulado por fora do Estado, e não apenas dentro dele. Sem
lutas sociais de massa contra os inimigos reais da realização do projeto
“democrático e popular pós-neoliberal”, o PT se encontra numa sinuca de bico,
se encostando no Estado para cumprir sua política de acúmulo de forças. Para
realizar esse “acúmulo de força”, o PT depende cada vez menos de algum
socialismo por vir estabelecer alianças. Por isso, a questão fundamental é: a existência
do PT é um obstáculo ou uma alavanca para a solução daqueles dos problemas
estratégicos da passagem do pós-neoliberalismo ao socialismo, bem como para os
problemas táticos cotidianos da luta de classes no Brasil?
O
PT hoje é, evidentemente, um partido socialdemocrata, no sentido clássico da
palavra. Mas e os socialistas? O que resta dos socialistas se encontram numa
situação de um forte questionamento ao partido hegemônico, o PT, com desenvolvimento
e surgimento de alternativas reais ou imaginárias (dentro e fora do PT). A
linha hegemônica do Campo Majoritário, por outro lado, sempre procurou chegar
ao poder para dar contas das tarefas inconclusas da revolução
democrático-burguesa e civilizar o capitalismo brasileiro. Novamente: e os
socialistas nisso tudo? Ao que tudo parece, a questão de fundo continua em aberto e o desafio só cresce a cada dia
para todas as organização de esquerda. A verdadeira questão hoje é: se
não colocarmos em movimento a maior parte dos trabalhadores, que são
assalariados urbanos das periferias, não haverá revolução socialista no Brasil.
Que instrumento político pode cumprir esse papel
histórico? É possível que, diante deste processo o reagrupamento da esquerda socialista pode ocorrer
em torno do PT ou de outra organização político-partidária.
Que
fazer? Qualquer instrumento político de esquerda se perguntaria: o que fazer
para se tornar uma liderança política para a velha e a nova classe
trabalhadora?
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