O debate sobre os caminhos do PSOL nas próximas eleições está na ordem do dia. O racha no partido teve seu início: será para algo positivo? Esse debate envolve ao mesmo tempo tanto as possíveis coligações externas ao partido como as contradições internas que emergem da falta de organização tática diante da atual conjuntura política lulista. Em conseqüência, como bem dizia Lukács, sem tática não há estratégia.
Primeiro: o ponto positivo da possível candidatura de Marina Silva é que todos os seus oponentes terão que se posicionar perante a questão ambiental quer queiram ou não (ecocapitalismo ou ecossocialismo?). Entretanto, não podemos nos enganar que um projeto ambiental que não envolva um profundo debate sobre as causas da destruição ambiental e o modelo de crescimento do país poderia ter algum tipo de veracidade para além da retórica. Portanto, a pergunta é a seguinte: existe um horizonte comum no projeto de Marina e do PSOL? Difícil enxergar algo além de uma aliança tática que está caminhando para a desestruturação do PSOL, mais rápido do que poderíamos imaginar.
Segundo: aparentemente existem duas opções para o PSOL: candidatura própria ou apoio a Marina Silva. Entretanto, essa não seria uma oposição falsa? Sabemos que o espaço da esquerda nessas eleições está pequeno diante do enorme capital político que o Sr. Lula possui, por mais que desejemos o contrário. As perspectivas de que uma crise sem precedentes iria abater o lulismo não se mostrou apenas completamente equivocada como estamos presenciando exatamente o contrário. Está sendo colocada em prática a superação da “condição prussiana” do Brasil exatamente pelo governo Lula numa mistura de social-democracia tardia com financeirização internacional. O balanço a se fazer com o decorrer da campanha eleitoral entre FHC e Lula ainda aprofundará a visibilidade do projeto lulista para a população. Até mesmo Aécio Neves não fala de um governo anti-Lula e sim pós-Lula. Portanto, um projeto de esquerda para as próximas eleições terá que dialogar com amplos setores de resistência, inclusive Marina Silva (como já está sendo feito). Entretanto, esse diálogo não poderia de forma alguma reduzir o próprio PSOL às diretrizes pragmáticas do ecocapitalismo que, por maior visibilidade que possa ter hoje, não diz respeito à luta socialista.
Terceiro: a pré-candidatura do Plínio está feita. Enquanto isso, o diálogo principalmente da cúpula do partido parece se orientar para o debate ativo com Marina. Essa história não é nova. Estamos diante de uma centralização política-pragmática do PSOL que complica ainda mais a rearticulação das forças de esquerda no país. Diante desse panorama, a escolha entre Lula e Marina pareceria indistinta se ela não fosse mais light que Lula, abordando as questões ambientais que obviamente continuariam insolúveis sob o modelo econômico e político adotado pelo PT. Portanto, para onde vamos? Vamos apoiar (e apreciar) uma versão light do Lula ou enfrentar ativamente as posturas centralistas da luta política atual no PSOL?
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