sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Luto




De http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=927717&tit=Morre-aos-79-anos-o-escritor-Walmor-Marcellino

Morreu, na manhã desta sexta-feira (25), o poeta, escritor e jornalista Walmor Marcellino, aos 79 anos de idade. Nascido em Araranguá, Santa Catarina, Marcelino destacou-se em Curitiba na militância contra a ditadura militar, a qual levou à frente entre as décadas de 1970 e 1980. Como jornalista trabalhou em diversos meios de comunicação, entre eles o jornal Gazeta do Povo. Casado duas vezes, Marcellino teve quatro filhos, um deles já falecido.

De acordo com nota divulgada pela Agência Estadual de Notícias, órgão de notícias do governo do estado, ele estava internado na Santa Casa de Misericórdia, na capital paranaense, com problemas renais e cardíacos. Seu corpo será velado a partir das 15 horas na capela 3 do Cemitério Municipal de Curitiba, no bairro São Francisco, e cremado no sábado (26), às 9 horas.

Escritor com forte atuação política, publicou mais de 30 livros, entre poesia, ficção e textos de opinião. Na década de 1970, participou do Centro Popular de Cultura em Curitiba, e de grupos de teatro da Universidade Federal do Paraná. Sempre crítico à ditadura militar, chegou a ser preso político durante o regime.

Repercussão

Diversos amigos ex-colegas comentaram sua trajetória à agência de notícias do governo estadual. “Walmor Marcellino foi um militante persistente, que nunca se desviou de seu caminho. Alguns o chamavam de fundamentalista, mas eu sempre entendi suas atitudes como integridade”, declarou o governador Roberto Requião.

“Era um homem de extrema coragem e todos que lutaram pela democracia sabem o papel que teve este grande intelectual. Ele foi um dos responsáveis pela reorganização do movimento estudantil e sindical durante a ditadura militar e um grande orientador para minha geração”, disse o advogado Geraldo Serathiuk, que o conheceu na década de 1970, na Casa do Estudante.

“Ele era um dramaturgo, repórter policial de alto nível e um líder da resistência durante a ditadura militar. Apenas quem conviveu com ele sabe mensurar esta perda”, lamentou o jornalista Cícero Catani, que conviveu com Marcellino no início da década de 1960, na redação do jornal Última Hora. Segundo Catani, uma das grandes qualidades do escritor era a de transformar a redação em uma sala de aula. “Era um intelectual e um verdadeiro professor de jornalismo. O Paraná perde um dos seus maiores valores.”

O jornalista Luiz Geraldo Mazza, destacou a militância, tanto política quanto cultural de Marcelino. “Ele foi uma pessoa de firmeza e caráter, guerreiro que participou dos movimentos importantes do nosso Estado, e um dos grandes desencadeadores do desenvolvimento cultural”, contou.

“Sempre polêmico, nunca fez uma crítica não embasada, por isso, era respeitado mesmo por aqueles que tinham posições contrárias”, afirmou o poeta e escritor Ewaldo Schleder, que publicou um livro a quatro mãos com Marcellino.

O procurador-geral do Estado, Carlos Marés, era presidente do movimento estudantil quando conheceu o escritor, na época um intelectual ligado às causas dos estudantes. “Era muito respeitado, ele dirigia o Teatro do Estudante Universitário e eu ajudava na contra-regra. Era um grupo chamado de engajado, contra a ditadura e contra o capitalismo. Walmor teve uma vida muito coerente nas suas idéias e no modo de agir, isso só se vê no fim da vida.”

O jornalista Nego Pessoa comentou que as diferenças políticas entre os dois eram enormes. “Mas a nossa amizade era justamente pela ligação com a arte. Walmor era um grande conhecedor de poesia e amante do jazz”, contou. Nego Pessoa destacou os livros de poesia do amigo, segundo ele, a melhor produção de Marcellino.

“Era de um caráter sensacional, grande jornalista e um dos mais importantes escritores paranaenses. Autêntico e também um teatrólogo sensacional, atuou contra a ditadura militar de maneira ímpar. Ele é uma pessoa que vai ficar inscrita na nossa história”, disse o advogado Edésio Passos, que também conheceu Marcellino na década de 1960.

Amadeu Geara, político e advogado, lembrou que Walmor foi um dos colaboradores na organização do MDB no Paraná. “Nunca dizia uma palavra de agrado que não fosse sincera, muito menos fazia uma crítica que não fosse fundamentada. Foi o pensador que nos auxiliou, na formação dos quadros do partido”.

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