domingo, 31 de maio de 2009

Micro-Manifesto

A razão cínica reina sobre nosso mundo. Sabemos que a motivação de lucro submeteu quaisquer outras motivações tradicionais e que a cobiça pode agora ser agora identificada como força fundamental na natureza humana. Sabemos que a corrupção no governo é absoluta e que nenhum governo representativo algum dia cumprirá as promessas feitas com os argumentos tradicionais a favor da democracia. Sabemos na pele que o sistema vigente está levando todos nós para um profundo caos social, ambiental, cultural e político de pobreza, miséria, violência, fome e morte porém, o que se está fazendo a respeito? Se ninguém faz nada a respeito por que as coisas mudariam? Esperar a boa vontade de alguém? Ou dar dinheiro para manter o sofrimento dos outros a uma distância segura permitindo nos satisfazer emocionalmente sem colocar em perigo nosso isolamento seguro de sua realidade. Nossa sociedade está cada vez mais aceitando silenciosamente a estabilidade do modelo capitalista mesmo que a conseqüência direta disso seja um crescente nível de miséria, pobreza, desigualdade e polarização social. O que piora as coisas é que grande ala da esquerda (eformista) colabora ativamente nesse processo onde assina em baixo o dito do "fim da história" sob a democracia liberal. Prefere-se ser politicamente corretos para não interferir em nada no final das contas.
Não queremos ser tolerados ou apoiados pelo sistema. Queremos transgredir o limite que se impõem a interpassividade de fazer coisas não para conseguir algo, mas para impedir que algo realmente aconteça. Somos contra a neutralidade: numa luta histórica concreta, a atitude de “inocência” (“Não quero sujar minhas mãos ao me envolver na luta, só quero levar uma vida modesta e honesta”) personifica a máxima culpa. Em nosso mundo, não fazer nada não é algo desprovido de sentido; já tem um significado – significa dizer “sim” às relações de dominação existentes.

Um comentário:

Alceu disse...

Perfeito, Zen. Contudo,como e quando vamos materalizar nosso angustiante desejo de transgredir esta limitação, que na verdade, na minha humilde opinião, é imposta para nós por nós mesmos?
Em que sentido deve ser o primeiro passo para sair dessa neutralidade?
Abraço.