Ao que tudo parece, vivemos em tempos de transformação ontológica. Essa trans-forma é eminentemente dialética. E por quê não evocar Hegel hoje? Em termos lacanianos, ele diria que a dialética ex-siste. Ela necessariamente tem um terceiro termo excessivo, uma lacuna paraláctica que produz a diferença da cisão do Um em si mesmo. Nesses termos, a dialética é a simbolização do Real – do antagonismo traumático que torna “impossível” como a luta de classes ou a não-existência de metalinguagem entre masculino e feminino. Não seria demais, portanto, propor que a dialética é imortal? Que sua própria existência já comporta a imortalidade? Não poderíamos dizer, portanto, que o Ser é dialético? Se a dialética é do campo infinito o Ser consegue acessar essa imortalidade para além da finitude? Qual é a técnica para o Ser? Não seria o Vazio a técnica para Ser, para acessar o campo de Deus (do Real)?
Se Deus é imortal, a pergunta “Deus está vivo?” não faz sentido. Quando se diz “Deus está morto”, no mesmo sentido, tem o pressuposto acerca da finitude de Deus o diminuindo a um vivente que viveu e que pode morrer (ou que está morrendo). Homem e Deus estão numa posição de paralaxe em que se coloca em pauta a questão da eminência da morte e a imortalidade, a infinitude. Enquanto os filósofos das Luzes buscavam reiterar constantemente a possibilidade da morte de Deus pelas mudanças da Filosofia, não buscaram no homem a possibilidade de buscar a imortalidade de Deus enquanto viventes e dialéticos. A busca da Metafísica, seguindo Badiou, sempre rompeu em profundidade com a consignação religiosa do sentido à disposição do Deus vivo. Portanto, o que esperar de Deus hoje?
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