quarta-feira, 15 de abril de 2009

a ideologia da vida despolitizada

Nós podemos continuar imaginando o Comunismo hoje? Essa pergunta é o inverso da pergunta: vivemos o fim da história sob a fórmula da democracia-liberal ou o capitalismo ainda tem antagonismos, tensões e contradições que colocam riscos radicais a sua reprodução infinita? Não é verdadeiro que hoje, mais do que nunca, o capitalismo se naturalizou como relação social culturalmente posta e ontologicamente aceita assim como ter filhos, casar e morrer? Muitas discussões acontecem sob o espectro do fim das ideologias, mas não é exatamente isso que significa a ascensão radical da vida social permeada pela ideologia que não se discute questões como o próprio capitalismo (que preferencialmente costuma ser chamado simplesmente de economia)?
Enquanto a idéia dominante é que vivemos numa era pós-ideológica, a luta ideológica é colocada de lado. Entretanto, o simples e básico posicionamento ideológico, principalmente em tempos de crise, nos remete inexoravelmente a uma luta onde a chave se encontra em dicotomias falsas como “democracia contra totalitarismo”, “democracia contra fundamentalismo”, “democracia e liberdade” etc. Ao não conseguirmos pensar uma sociedade qualitativamente diferente, isso nos diz muito sobre nossa condição ideológica hoje onde, como aponta Jamenson, é mais fácil pensar a destruição da Terra por algum acidente cósmico do que uma modesta mudança radical no capitalismo. Encontra-se aqui uma das questões mais importantes de nosso tempo: ou aceitamos essas dicotomias falsas que estruturam a ação política (pós-política nesse caso que buscam, no máximo, um capitalismo mais humano...) ou a fórmula democrático-liberal que naturaliza o capitalismo global impõem contradições e antagonismo que problematizam sua reprodução infinita e que não consegue resolve-los por sua lógica interna? A crise em que vivemos mostra que a segunda alternativa é a certa.

2 comentários:

marie. disse...

que final autoritário. hahahaha

Felipe disse...

Mas eu concordo com ele, que significa dizer que o comunismo deverá assumir uma dimensão puramente formal de eterna abertura (angustiada? entediada?).