segunda-feira, 2 de março de 2009

De quem é a crise companheiro? Perguntas que podem encomodar

No estabilishment midiático se anuncia que um capitalismo puro sem as interveções do Estado é impossível. A doce idiotia liberal sempre chega a conclusões que assuntam! Será que a lição marxiana (de mais de 150 anos atrás diga-se de passagem)de que o capital é materialmente dependente do Estado para se reproduzir ampliadamente não cairia muito bem como um pressuposto para se articular alternativas hoje? De mais quanto tempo a esquerda vai precisar para cair essa ficha, de que o capital não consegue sobreviver nem por 1 minuto sem a "segurança" dada pelo Estado? Se a busca da esquerda é, diante da crise, buscar formas para regular o capital financeiro e toda sua farra, onde está a crítica que aponta o processo de financeirização como um resposta lógica do processo de desenvolvimento do capitalimo global? Busca-se um novo papel para as instituições financeiras internacionais mas a pergunta que fica é: a esquerda não está inerentemente dentro do horizonte do capital impossibilitando a abertura radical para além do capital dessa forma? Não é óbvio que o debate dito de "esquerda" não está baseado num debate da "técnica" economica e não sobre os antagonismos estruturais do capital como relação social global? Não é óbvio que a crise demonstra que a relação entre as classes é assimétrico já que a velocidade da queda é maior para a classe-que-vive-do-trabalho? Não será esse o momento histórico para que a esquerda se redima de sua posição defensiva que tomou durante o século XX e começe a pensar alternativas ao próprio capital global numa ofensiva socialista que coloque em pauta tanto a crise estrutural do metabolismo global do capital quanto suas formas ideológicas par excellence como o multiculturalismo tolerante da democracia liberal? Será que não é tempo de parar de traduzir os conflitos antagonicos de classe em nível global em simples expressões culturais que seriam remediadas por mais tolerancia e respeito? Se essas perguntas não podem nem ser colocadas em pauta diante das "políticas de despoliticação pós-modernas", será que o devir capitalista de sua próxima etapa de desenvolvimento não será muito mais drástica e radical do que a atual conhecida por sua mercantilização da vida social e da experiência do sujeito num nível ainda inimagináveis que pode envolver a biogenética e a colonização expressa da natureza e do inconsciente?

4 comentários:

Cristiano disse...

Há um artigo do Noam Chomsky publicado na Folha de São Paulo à época "quente" desta crise financeira onde ele afirma que o colapso do sistema financeiro não anuncia um eventual crepúsculo do capitalismo, mas sim o surgimento de um novo modelo econômico: o capitalismo de estado. Parece que a análise marxista é perfeita quando diz que a auto-sustentabilidade do capitalismo não passa de uma falácia discursvia que esconde por trás de si um estado puramente voltado a dar supedâneo aos funcionamentos caprichosos da economia. Neste sentido, o capitalismo como sistema economico independente das formas regulativas da política não só é mentira como evidentemente há um relacionamento mutualista entre ambos, por questão de sobrevivência. Portanto, o capitalismo já é desde sempre um capitalismo de estado, e se fosse pra "re-dizer" o que havia dito Chomsky (e partindo do raciocínio do seu post), trata-se não do surgimento de um novo sistema econômico, mas sim do aparecimento de um pesonagem que antes estava escondido por trás das câmeras: o estado. Mas seria pedir demais ao capitalismo que assumisse essa chamada do estado - pois é mais fácil tratar como uma metamorfose do sistema econômico - à participar deste espetáculo que mais parece um infindável drama da existência humana. Gostei do post!

Fernando Marcellino disse...

não vimos a época "quente" da crise ainda!

Anônimo disse...

Não seria "INcomodar"?

Fernando Marcellino disse...

Fico feliz que quem leu não prestou atenção nenhuma no conteúdo e nem tem nada a expressão sobre ele além da errata, obrigado.